terça-feira, 26 de março de 2013

AS VELHAS VOLTARAM PARA CASA de António Oliveira

AS VELHAS VOLTARAM PARA CASA

Que me puxem as orelhas
Se não fizer o que me pediram
De malhar com as velhas
Para o lugar que elas saíram.

Eu vou-me firmar nas pernas
Para me poder aguentar
Porque elas saíram das tabernas
E para lá as vou empurrar.

Foi pessoas sem maneiras
Que para eles é tudo igual
Que inventaram estas asneiras
E ainda dizem que não faz mal.

Mas já chegou a hora
De alguém se levantar
Saiam todos cá para fora
Que as velhas querem entrar.

Aí dentro da taberna
É que elas ficam seguras
Dão-se bem com uma lanterna
Mas muito melhor as escuras.

Seja de que maneira for
Elas podem bem escolher
Mas cá fora por favor
Não tornem a aparecer.

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Uma Velha da Ilha Terceira com o título As Velhas Voltaram Para Casa enviada por
António Oliveira a quem muito agradecemos

A VELHINHA BENFEITORA de António Oliveira

A VELHINHA BENFEITORA

Havia uma certa velhinha
Pobre dela que coitadinha
Já mal se podia arrastar
Mas carregava uma viola
E também uma sacola
Para esmola ir tirar.

Em cada porta que batia
Ela se punha a cantar
E as pessoas ela dizia
Esmola eu venho tirar.

Ela tocava uma melodia
Que transmitia alegria
Que não havia nada igual
Quem aquela velhinha via
Logo para consigo dizia
La vem a fulana de Tal.

Tudo corria para a ver
Pois gostavam do seu cantar
Porque o que ela ia dizer
Fazia as pessoas chorar.

Não podiam compreender
Como ela podia alegria ter
Vivendo assim tao mal
Mas isso era o seu segredo
Não  sendo mulher de enredo
Todos lhe abriam o portal.

Todos gostavam de a ouvir
E até chegou a ganhar fama
Mas como velhinha de pedir
Ninguém a queria na sua cama.

Em cada porta que batia
Ela um novo verso fazia
Para não ser repetitiva
Despertava o interesse
E fazia que alguém desse
Mesmo de uma maneira altiva.

A velhinha não se importava
O importante é que alguém desse
E a velhinha mais gostava
Se dessem e ninguém soubesse.

Na sua linda introdução
Tentava alcançar o coração
Mexendo com as emoções
Pois ela muito bem sabia
Que um pouco de alegria
Motivava os corações.

Muitos sorrindo lhe diziam
Não tenho nada para te dar
Mas era só porque queriam
Que ela continuasse a cantar.

Alguns mesmo sem quererem
Perguntavam a outros para verem
Se tinham algo para lhe dar
Que com toda aquela alegria
Que a velhinha lhes transmitia
Que até a alguns fazia chorar.

Alguns davam alguma coisinha
Só pelos versos que ela fazia
Pois aquela pobre velhinha
Uma esmola bem merecia.

Esta velhinha afamada
Daquilo que pedia ela dava
A outros pobres que ela via
Ela não precisava de nada
Mas como nenhum pobre cantava
Ela cantando para eles pedia.

Isto é que é uma velhinha
Isto é o que eu chamo uma mulher
Se vontade de a ajudar eu tinha
Mais vontade agora vou ter.
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Uma Velha da Ilha Terceira com o título A Velhinha Benfeitora enviada por
António Oliveira a quem muito agradecemos